De acordo com os manifestantes, cerca
de 600 pessoas dormiram em frente à prefeitura após a reintegração de posse.
Eles alegam que ficarão no local até que sejam recebidos por alguma autoridade
municipal ou estadual e reinvindicam uma opção de moradia.
"Fomos tratados como se não
fossemos nada, a polícia retirou a gente sem nenhum cuidado. Vamos ficar aqui
até sermos ouvidos por alguém, não temos onde morar. É um absurdo a situação
que a gente está passando aqui. Tem criança e idoso deitado em sacos
plásticos", declarou uma das líderes do movimento, Perla Soares, de 32
anos.
"Ontem foi terrível. Fomos
arrancados da nossa moradia da maneira menos adequada. Os policiais falaram
para nós 'ou sai, ou sai'. Só deu tempo de pegar um ventilador e algumas
sacolas. Eu tive que sair com a roupa do corpo.
Meu filho tem dois meses, quem me ajudou a tirar ele com segurança foi a
população", contou Carlos Alessandro, de 34 anos.
Reintegração
Carlos Alessandro,
34 anos,
aguarda
autoridades
com o filho de
dois meses
|
A Polícia Militar deu início à reintegração
de posse do terreno por volta das 4h45 desta sexta-feira. No local, chamado de
"Favela da Telerj", ocupantes ergueram casas improvisadas durante 13
dias de ocupação. A ação da polícia começou pacífica. Moradores se reuniram
atrás de um cordão de isolamento e saíram sem reagir.
No entanto, a situação ficou tensa
depois que alguns moradores começaram a atear fogo dentro do prédio, às 6h45.
Em seguida, um confronto entre policiais militares e ocupantes provocou uma
grande correria. A ação da polícia cumpre decisão judicial do dia 4, que
determinou a saída das pessoas que ocupam o terreno da Oi.
No confronto com a PM, pelo menos 18
pessoas ficaram feridas, entre elas, 9 policiais militares e três crianças. De
acordo com a polícia, 27 pessoas foram detidas — sendo 21 suspeitos de
participar do saque ao supermercado. Destes, quatro foram presos. Às 13h27,
entretanto, a maioria havia sido liberada, já que não houve flagrante.
Depois da reintegração, vândalos
promoveram depredações. Não se sabe se eles faziam ou não parte do grupo que
ocupava o terreno. Quinze ônibus foram atingidos (quatro deles, queimados),
outros três veículos foram incendiados (entre eles um carro da polícia) e pelo
menos três agências bancárias foram depredadas. Um supermercado foi invadido e
saqueado, e um veículo de uma emissora de televisão também foi atacado.
Barracos derrubados
Aproximadamente 1.650 policiais do 3º
BPM (Méier), do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque
(BPChq) foram mobilizados para a retirada dos ocupantes do imóvel. Os policiais
anunciaram, por meio de um megafone, que os habitantes seriam levados em ônibus
e caminhões para abrigos da prefeitura.
Segundo estimativa de moradores, até
a noite de quinta-feira (10) havia cerca de 5 mil pessoas no local. Os
moradores fizeram ligações clandestinas de energia elétrica e pegaram água das
cisternas.
Pessoas que estavam no prédio
alegaram que não têm condições de pagar aluguel. Por isso, teriam deixado
comunidades como a do Jacarezinho, Rato Molhado e pontos da Baixada Fluminense para
ocupar a área.
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