Não tomar banho, não limpar a casa, falar baixo, não proferir palavrões, tomar benção aos pais e padrinhos de joelho e a abstinência de carne. Esses eram alguns dos costumes culturais praticados por católicos durante a Quaresma. Mas será que hoje essas práticas ainda resistem à modernidade?
Para a ministra de Eucaristia, Maria de Jesus Aguiar, o que mudou para esta ‘geração mais nova’ foi em relação à abstinência da carne, que geralmente só fazem da quarta feira até a Sexta Feira Santa.
“No meu tempo, na Sexta-Feira Santa, quem tinha o nome de Maria não tomava banho, não molhava o cabelo, só se asseava rapidinho de manhã, não falava alto, não brincava. Hoje em dia algumas dessas coisas se perderam. Eu mantenho a abstenção de carne desde a quarta feira até a Sexta feira Santa, e mais na Sexta Feira”, relata.
Ainda de acordo com Maria de Jesus, a Quaresma é um período em que os católicos procuram mais as igrejas, para participar das missas, se confessarem, buscando a reconciliação e o perdão e assim ficando mais próximo de Deus.
Para Carlos César Lima, vivenciar a quaresma vai além da abstinência da carne vermelha, dos costumes culturais repassados pelas gerações passadas e dos ritos nas celebrações eucarísticas que são diferenciados neste período.
“Eu pessoalmente na quaresma só priorizo a abstinência de carne na quarta feira até a sexta feira Santa ,busco a confissão, pois é a oportunidade de renovar-se espiritualmente, a comunhão com a leitura mais intensa da palavra de Deus. Já o jejum, não priorizo muito, pois existem várias formas de fazer jejum não é só a corporal, mas jejum de espírito, que focaliza evitar vícios. Hoje vejo o jejum de uma forma mais moderna”, finaliza.
Mudanças de hábitos
A reportagem de O Imparcial foi às ruas para constatar se os ludovicenses ainda seguem os ensinamentos repassados de geração em geração. Conforme constatamos, alguns destes costumes, como participar da Missa de Lava Pés na quinta-feira, reservar a Sexta Feira da Paixão para oração e reflexão, malhação do judas, além de celebrar o Sábado de Aleluia, são tradições que já estão quase extintas.
Esta prática, por exemplo, não é mais seguida pela estudante Alexssandra Santos que não segue os rituais. Ela conta que o costume era "forte" antigamente porque tanto as famílias quanto a Igreja Católica eram mais tradicionais. “Não sigo a tradição da páscoa, nenhum tipo de ritual, tipo deixar de comer carne, mas respeito quem tem este hábito”, comentou.
Comparação
Em meio à perda de fiéis em cumprir a tradição da semana santa, ainda existem famílias que resistem ao tempo e mantêm vivo o rito de reverenciar a morte e ressurreição de Jesus Cristo. É o caso do aposentado Luiz Gonzaga da Silva Rodrigues, de 64 anos, que se diz tradicional. “Sou da época tradicional, cubro os santos, faço também as orações, na sexta-feira pela manhã, faço como minha mãe me ensinou, com muitas músicas exaltando o dia santo, no sábado eu descubro os santos, volto a rezar, reúno a família e no domingo distribuo ovos de páscoa, para minha família, crianças e vizinhos,” contou entusiasmado.
"A Semana Santa era de muito respeito, oração e de ficar em silêncio. Não se trabalhava, não se fazia serviço doméstico. A casa era limpa dias antes. Na sexta não podia cozinhar, então a comida era feita na quinta-feira", relembrou o aposentado Luiz Gonzaga.
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