Cantadores e coreiras do Tambor de Crioula Maracrioula desembargam em Fortaleza para uma série de apresentações durante o Mundial |
Segundo o presidente do grupo, José Nascimento, o Maracrioula foi o único representante do Maranhão habilitado e aprovado na etapa final da seleção digital promovida pelo MinC. Com 10 anos de existência e 35 componentes, a iniciativa cultural já gravou três CDs desde 2007. No entanto, José Nascimento informou que apenas 25 integrantes vão viajar à capital cearense.
“Para nós é muito importante [ter sido selecionado pelo MinC], não só por representar nosso estado, mas pelo compromisso e responsabilidade de levar a cultura [maranhense] do Tambor de Crioula. Com nossa cultura, estamos tentando mudar a realidade da comunidade”, disse José Nascimento a O Imparcial, ressaltando o fato de o grupo ter surgido em meio às dificuldades sociais da Liberdade, com o propósito de ampliar as oportunidades de ação e participação dos jovens, mas reunindo também veteranos nas manifestações culturais que marcam aquele bairro.
José Nascimento esclareceu que o Maracrioula atua predominantemente com jovens da comunidade, com a intenção de formar uma visão renovada e diferenciada do tradicional Tambor de Crioula, comumente criado em promessa a São Benedito. Adotando indumentárias e um estilo próprio, os integrantes do grupo vêm-se firmando no cenário cultural da cidade.
Embora o pai de José Nascimento já participasse de grupos de Tambor de Crioula, o presidente do Maracrioula disse que na infância não tinha uma ligação forte com essa expressão da cultura popular do Maranhão. Mais envolvido com a quadrilha e Dança do Coco da Companhia Rosa Branca, do grupo de Boi Novilho Branco, José Nascimento acabaria reunindo um grupo em torno da iniciativa, a qual, contudo, busca equilibrar a proposta de renovação do batuque e da dança com a preservação da cultura tradicional, patrimônio imaterial do Brasil.
“O tambor tem que ir ao fogo. Como dizia Mestre Leonardo, existem três coisas que só prestam quente: café, mulher e tambor”, disse José Nascimento, referindo-se a um dos mais influentes mestres do Tambor de Crioula em São Luís (justamente no bairro Liberdade), e defendendo a manutenção de antigos costumes, como o exemplo de esquentar e esticar o couro do tambor em uma fogueira antes das apresentações, que outros grupos mais novos, adeptos do tambor com tarrachas, vêm abandonando. “O Tambor de Crioula não pode mudar. Existem várias formas de tocar e interpretar, mas o Tambor de Crioula só existe no Maranhão, é único e é difícil encontrar um ritmo igual ao nosso”, concluiu ele.
Transformado em Ponto de Memória e tendo inovado sua atuação institucional ao participar da Semana Nacional de Museus, o Maracrioula – que adota o lema “Simples como deve ser” – já se apresentou em eventos em outras cidades brasileiras e sul-americanas. Dentre as apresentações realizadas pelo Maracrioula ao longo do ano, além da programação junina, José Nascimento destacou as festividades dos Dias das Mães e das Crianças e do período natalino.
SERVIÇO
O quê? Apresentação do Tambor de Crioula Maracrioula
Quando? Hoje (sexta-feira, às 15h e 20h), 5 e 6 de julho (sábado e domingo, 14h e 19h)
Onde? Espaço cultural Estoril (Praia de Iracema, Fortaleza – CE)
Quanto? Aberto ao público
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