Pelo menos
quinze civis morreram neste sábado em bombardeios com lançadores múltiplos de
foguetes Grad em Mariupol, porto estratégico e última grande cidade do leste
separatista pró-russo controlada por Kiev, anunciou o chefe da polícia
regional.
A conquista
desta cidade industrial de meio milhão de habitantes, localizada à beira do Mar
de Azov, permitiria à Rússia e aos rebeldes pró-russos criar uma ponte
terrestre para a Crimeia, península ucraniana anexada por Moscou em março. Até
o momento, Mariupol havia sido poupada dos combates no leste da Ucrânia, que se
limitavam aos arredores da cidade.
Este ataque
sangrento em um bairro densamente povoado ocorre poucos dias depois de o
exército ucraniano abandonar o aeroporto de Donetsk. Em um balanço inicial, a
polícia da região de Donetsk, leal a Kiev, evocou dez mortos.
O exército
ucraniano declarou, por sua vez, que trata-se de "disparos rebeldes com
lançadores múltiplos de foguetes Grad, nos arredores de Mariupol" e que
casas foram destruídas.
"Os
rebeldes não têm necessidade de paz, eles executam as ordens do Kremlin para
uma escalada da situação no Donbass", a região mineradora atormentada
desde abril por uma rebelião armada pró-Rússia, acrescentou o Estado-Maior da
operação ucraniana no leste em um comunicado. O prefeito de Mariupol também
indicou que um mercado foi atingido pelos tiros.
"Todo
mundo está em choque. O telefone celular não funciona e não conseguimos nos
juntar a parentes que vivem nas áreas afetada", declarou por telefone
Edward, um empresário de 32 anos.
"Os
rebeldes tomaram o aeroporto de Donetsk e agora eles estão bombardeando
Mariupol", continuou ele, referindo-se ao revés sofrido nesta semana pelo
exército ucraniano, que precisou abandonar as ruínas do aeroporto de Donetsk
após vários meses de combates.
O conflito
na Ucrânia, iniciado em abril, tomou um novo rumo com este revés amargo para o
exército ucraniano. A batalha pelo que resta deste grande aeroporto
internacional foi comparada com a de Stalingrado durante a Segunda Guerra Mundial.
Em fotos
disponíveis em sites locais, é possível ver fogo e fumaça negra subindo acima
de um bairro densamente povoado de Mariupol.
Conquistar
Donetsk por completo
Embora o
líder da autoproclamada república de Donetsk, Alexandre Zajarchenko, tenha
prometido na sexta-feira conquistar toda a região de Donetsk, que inclui
Mariupol, os rebeldes negaram neste sábado qualquer responsabilidade por esses
bombardeios.
"Os
combatentes não abriram fogo sobre Mariupol, e muito menos contra bairros
habitados", indicou uma agência de notícias rebelde, citando um
"comandante militar" dos separatistas.
Este
responsável denunciou "uma provocação" por parte das forças de
segurança de Kiev, observando que os rebeldes controlam a cidade costeira de
Novoazovsk, situada 40 km a leste de Mariupol, mas que não haviam realizado uma
ofensiva.
Após anexar
sem combates em março a península da Crimeia, a Rússia é acusada por Kiev e os
ocidentais de apoiar militarmente a rebelião separatista pró-russa no leste da
Ucrânia, onde o conflito fez mais de 5.000 mortes em nove meses. Atingido por
pesadas sanções ocidentais por seu papel na crise, Moscou nega qualquer
envolvimento na guerra.
Neste
contexto, as tentativas no final de dezembro e início de janeiro de reavivar o
processo de paz através da organização de uma reunião entre Putin e Poroshenko,
com a participação do presidente da França, François Hollande, e da chanceler
alemã, Angela Merkel, fracassou com a retomada das hostilidades.
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