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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O combate à corrupção está gerando uma onda de insanidade no país: por quê será?

Um país que foi submetido a quinhentos anos de exploração, mandonismo e, ao mesmo tempo, elevado à condição de colônia, só poderia se tornar uma nação pobre. Pobre de cultura, pobre de liberdade, pobre em educação. Contudo, essa pobreza tem uma origem e uma finalidade: retirar dos indivíduos sua cidadania e sua autonomia enquanto gente que têm direitos. Se essa realidade, não tivesse sido contestada, por pessoas insatisfeitas com as condições materiais concretas em vários momentos de nossa história, até hoje, os privilegiados, os famosos “bandidos de colarinho branco” – que são, na verdade, os de sempre, os protegidos pelo tráfico de influência, pelo apadrinhamento político, via investimento financeiro em campanhas eleitorais para, em seguida, tornarem-se ‘intocáveis’ pelo sistema – ainda estariam gozando dessa proteção institucional.
Professor Jacinto Junior - um pensador contemporâneo
Professor Jacinto Junior – um pensador contemporâneo
A nossa sociedade sofreu, a partir do inicio da primeira década do terceiro milênio, uma ‘silenciosa revolução’ na perspectiva de inversão de prioridades políticas. Recordo-me quando Lula disse: “meu grande trabalho será colocar na boca dos brasileiros três pratos de comida, ai sim, estarei satisfeito”. Lula cumpriu com esse compromisso. Realizou uma façanha histórica reconhecida até mesmo pela ONU: eliminou do mapa a fome do Brasil.
Foram cerca de 22 milhões de gentes, segundo apontamento arguido pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman – considerado o mais notável de toda a história, com 89 anos de militância – ele afirmou que “o Brasil realizou um grande milagre e que não está finalizado”. Este tipo de política é que fez aflorar com tamanha força o ódio desprezível da elite contra o Lula e a Dilma, estendendo-se aos seus simpatizantes. Foi apenas uma década de gestão, imagine se o Brasil tivesse sido governado pelo PT durante esses quinhentos anos, certamente, o Brasil seria a maior potencia do mundo, como se mostra atualmente, apesar da famigerada crise cíclica do capitalismo ensandecido pelo lucro sobre o lucro.
Quando se remete à pauta do dia – isto é, à intolerável e cancerígena corrupção, objeto que tem sido tratado pelo governo com total isenção, sem conivência e protecionismo deste e/ou daquele elemento burguês envolvido, todos, indistintamente, denunciados estão sendo presos e processados – muitos brasileiros estão indignados, revoltados, e a tendência é, de fato, gerar essa sensação de antipatia ao governo Lula/Dilma sob a batuta da mídia conservadora, covarde, seletiva e protecionista, associada às revistas e jornalões com o mesmo calibre de viés ideológico. A mancha que nos envergonha não é a corrupção em si, mas, sim, a tentativa de fazê-la ser instrumento para engendrar nos sujeitos incautos um desnecessário ódio de classe contra quem, de fato, tem combatido essa pestilência.
Li um artigo no blog pragmatismopolitico.com.br, sobre um ato de hostilização ocorrido no último domingo, na Livraria Cultura, à figura pública de Eduardo Suplicy, ex-senador e, atualmente, Secretário de Direitos Humanos na cidade de São Paulo. Uma das agressoras é Celene Carvalho, nascida em Minas Gerais, entretanto, foi criada no Rio de Janeiro, e, atualmente, possui uma empresa PALACE BUFFET, no estado do Espirito Santo, segundo a Receita Federal, ela está em debito. Poxa, se é verdade, o que justificaria tal atitude dessa senhora em hostilizar uma figura séria e honesta como Eduardo Suplicy? Só uma coisa: ódio de classe e intolerância. São atos de natureza fascistas. Esse tipo de atitude pode se transformar em algo ainda mais grave e perigoso. A intolerância ao outro por critério político, religioso, ou quaisquer forma de opressão, constitui crime segundo nossa Magna Carta. Vivemos numa recém-conquistada democracia de apenas 27 anos, não é mais necessário tornar-se invisível ao regime para combatê-lo clandestinamente; no entanto, é fundamental que aqueles cidadãos que desconhecem a nossa história e que não conviveram com a experiência do entulho autoritário não se movam com esse espirito reacionário e destemperado, agindo como se fossem representantes de órgãos repressivos, perseguindo e agredindo gente de bem e honesta publicamente, como foi o caso de Suplicy. Por sua postura ética e tolerante, não reagiu à hostilização, porém, ele respondeu de forma decente e esperançosa em seu Face à agressão verbal.
A intensa campanha difamatória difundida pelos meios de comunicação de massa conservadores incitando o ódio pode deflagrar um triste episódio de uma guerra entre simpatizantes da direita e os da esquerda. Não precisamos chegar a esse ponto, o dialogo e o entendimento pode ser o mais importante instrumento para acalmar os ânimos. Agora, é inaceitável que ‘coxinhas’ se manifestem de forma desrespeitosa e agressiva em relação àqueles que são simpatizantes ou até mesmo membro e ex-membro do governo Dilma como foi o caso do atual Ministro de Justiça José Eduardo Cardoso e o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, bem como o atual Secretário de Saúde do Estado de São Paulo Padilha. Não são fatos isolados, e menos ainda, naturais. São formas atentatórias à cidadania, à liberdade e ao direito de ir e vir daqueles que vivem numa sociedade democrática e, por consequência, têm o direito de optar por uma concepção política tanto quanto o agressor de forma livre. Liberdade pressupõe limites a serem respeitados entre os entes sociais, independentemente de opções políticas e/ou outras. A liberdade é a fenda que estipula o mecanismo democrático essencial para o estabelecimento da justiça e da equidade entre sujeitos sociais. Não é aconselhável o uso da força e o recurso impróprio da desmoralização (sem motivo aparente) para aniquilar o oponente, é possível sim, impor-lhe uma derrota apenas com uma fundamentação teórica apropriada, com recheio da verdade.
Fazendo esse paralelo histórico, volto-me para a questão central do texto: o combate à corrupção está gerando uma onda de insanidade: por que será?
Basicamente, percebo cinco elementos fundantes para tal conjuntura:
  1. A abertura e a liberdade para realizar as operações sem a interveniência do governo central controlando as informações;
  2. O aprofundamento das investigações e a revelação por parte dos delatores premiados denunciando importantes ‘figurões’ da elite branca envolvidos no mar de lama da corrupção, e suas prisões, já colocou em polvorosa outros possíveis membros nos escândalos envolvendo propina oriunda da estatal Petrobras;
  3. E, paralelamente ao processo investigativo a mídia conservadora e os jornais recebem informações privilegiadas – aqui é necessário esclarecer um ponto nodal desse processo: a seletividade da informação tem um único objetivo: desestabilizar o governo gradualmente ao ponto de liquidar suas forças perante a opinião pública, enfatizando a ideia de que o PT inventou e institucionalizou a corrupção no Brasil. A oposição de direita comandada pelo PSDB/DEM/PPS, integra essa articulação no Congresso Nacional. E, agora, a principal tese é a do impeachment, sob o argumento de que o atual governo cometeu crime de responsabilidade administrativa (as chamadas ‘pedaladas fiscais’).
  4. O método ortodoxo da oposição para ‘sangrar’ o governo tem uma finalidade: comover o povo e atraí-lo para fortalecer suas teses e, assim, ampliar sua influência no seio da sociedade. Contudo, o mais grave é que a formula conservadora está extrapolando os limites da responsabilidade, legalidade, gerando expectativas e ilusões em quase toda a sociedade civil; inclusive, já se verifica alguns atos praticados pelos chamados ‘coxinhas’ contra quem tem alguma afinidade com o governo Dilma.
  5. A tentativa de derrotar o atual governo utilizando para isso, a operação Lava Jato, de forma direta, percebe-se que há tendências de defender a tática e a estratégia da oposição envolvendo inclusive o ex-presidente Lula.
Por fim, a ideia da oposição de direita de dissolver na história o PT, colocando-o como inimigo número um do país, tem tido uma receptividade sem precedente entre a classe média e a alta burguesia. E aos poucos essa ideia está contaminando até mesmo os menos prevenidos.
O combate à corrupção sem o controle (ingerência) do governo central gerou um intenso ódio de classe no país e é por esse motivo que a elite branca deseja ardentemente derrubar um governo democrático, popular legitimamente eleito nas urnas. A democracia sobreviverá a mais um golpe dos corruptos e corruptores como os representantes do PSDB e Cia.
Por Jacinto JUNIOR

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