O Tribunal de Contas da União (TCU) julga nesta
quarta-feira (7) as contas do governo federal de 2014. Entre as irregularidades
apontadas pela corte estão as chamadas “pedaladas fiscais”, que são manobras
para aliviar, momentaneamente, as contas públicas.
ENTENDA o que está em jogo no julgamento do TCU.
A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu na véspera ao
Supremo Tribunal Federal (STF) a suspensão do julgamento, mas ainda não há
resposta da corte.
O parecer do tribunal será encaminhado ao Congresso,
que tem a palavra final sobre as contas. A análise do TCU, portanto, não tem
efeito prático, já que funciona como uma recomendação aos parlamentares, mas
uma eventual rejeição poderá ser usada como argumento para abertura de processo
de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Antes de julgar as contas, o plenário do TCU irá
decidir se acata ou não o pedido feito pela Advocacia-Geral da União (AGU) para
que o relator, ministro Augusto Nardes, seja afastado da condução do processo.
O governo alega que Nardes cometeu irregularidade ao
manifestar opinião sobre o caso e antecipar publicamente seu voto antes do
julgamento. Segundo a AGU, o regimento interno do TCU e a lei orgânica da
magistratura – as quais os ministros do tribunal estão submetidos – proíbem os
magistrados de emitir opinião sobre processos que estejam conduzindo.
Na semana passada, veio a público o parecer em que o
relator recomenda aos demais ministros da corte a rejeição das contas. Nardes
garante, no entanto, que não foi o responsável por “vazar” o documento para a
imprensa e acusa o governo de tentar “intimidá-lo”.
‘Pedaladas fiscais’
O primeiro pedido de esclarecimentos sobre as contas
de 2014 foi feito em junho pelo TCU, com prazo de 30 dias para resposta. Mas,
devido à inclusão de novos fatos ao processo, o governo acabou ganhando mais
tempo para se defender da suspeita de ter adotado manobras para aliviar,
momentaneamente, as contas públicas.
Entre as supostas irregularidades analisadas pelo TCU
estão as chamadas “pedaladas fiscais” e a edição de decretos que abriram
créditos suplementares sem autorização prévia do Congresso Nacional.
As “pedaladas fiscais”consistem no atraso dos repasses
para bancos públicos do dinheiro de benefícios sociais e previdenciários. Essa
prática obrigou instituições como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil a
usar recursos próprios para honrar os compromissos, numa espécie de
“empréstimo” ao governo.
Nos dois casos, o Executivo nega a existência de
irregularidades e argumenta que as práticas foram adotadas pelos governos
anteriores, sem terem sido questionadas pelo TCU. As explicações entregues pela
AGU na defesa do governo somam mais de 2 mil páginas.
Próximos passos
Depois de o TCU decidir se recomenda a reprovação ou
aprovação das contas de Dilma, o parecer tem de ser encaminhado ao Congresso
Nacional, que terá a palavra final sobre o caso.
Se as contas do governo forem realmente rejeitadas
nessas votações, isso poderá ser usado como argumento para abertura de processo
de impeachment da presidente Dilma Rousseff, sob o argumento de que ela feriu a
Lei Orçamentária e, portanto, cometeu crime de responsabilidade.
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