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quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Mais de 80% dos deputados alvos da Lava Jato aprovaram “intimidação” contra investigações

Considerada “intimidação” e “retaliação” por integrantes do Ministério Público e do Judiciário, a emenda que prevê o enquadramento em crime de abuso de autoridade para magistrados, promotores e procuradores teve amplo apoio dos deputados investigados na Operação Lava Jato. A mudança foi aprovada nesta madrugada pelo Plenário durante a votação do projeto de lei de combate à corrupção (PL 4850/16), idealizado pelo Ministério Público Federal e apoiado mais de 2,4 milhões de pessoas.3011plenario-camara-luis-macedo-agcamara-1024x670
Entre os 27 deputados investigados na Lava Jato, 23 participaram da votação (veja abaixo como cada um deles votou). Desses, apenas quatro votaram contra a emenda – Andrés Sanchez (PT-SP), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Afonso Hamm (PP-RS) e Jerônimo Georgen (PP-RS). Outros 19 (83% dos votantes sob investigação na operação) declararam voto a favor da nova possibilidade de punição a magistrados, procuradores e promotores.
O texto da emenda, apresentado pelo líder do PDT, Weverton Rocha (MA), “expressa a responsabilidade de quem ajuíza ação civil pública e de improbidade temerárias, com má-fé, manifesta intenção de promoção pessoal ou visando perseguição política”. Entre os motivos apontados pelo pedetista estão a atuação com motivação político-partidária e a proibição de magistrados darem entrevistas a veículos de comunicação sobre processos que estão em andamento no Judiciário.
A proposta foi vista pelo relator da matéria, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), como uma “vingança” aos trabalhos realizados pela força-tarefa que investiga, desde 2014, desvios de dinheiro da Petrobras, e já arrolou diversos parlamentares nas apurações dos ilícitos cometidos na estatal. Para ele, a Câmara agravou uma crise institucional ao aprovar mecanismos intimidatórios contra integrantes do MP e do Judiciário. A emenda recebeu 313 votos a favor e 132 contrários (veja como cada deputado votou). Houve cinco abstenções.
Ainda pela madrugada, o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol, protestou contra a mudança em seu perfil no Twitter: “Está sendo aprovada a lei da intimidação contra promotores, juízes e grandes investigações”. Em nota, a equipe da Lava Jato criticou a “pretensão” de sujeitar os membros do MP e do Judiciário a crimes de responsabilidade, e avaliou “a intenção de criminalizar a atividade específica dos juízes e membros do MP” de forma repentina e sem “uma adequada discussão” como “totalmente descabida”.
Outros quatro deputados investigados pela Lava Jato se ausentaram da votação desta madrugada: José Otávio Germano (PP-RS), Luiz Fernando Faria (PP-MG), Roberto Britto (PP-BA), além do líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE).
Abaixo, a lista de como cada investigado pela Operação Lava Jato se posicionou sobre a emenda:
DeputadoPartidoVotoInvestigado
Lázaro BotelhoPP-TOSimLava Jato
Waldir MaranhãoPP-MASimLava Jato
Aníbal GomesPMDB-CESimLava Jato
Aguinaldo RibeiroPP-PBSimLava Jato
Manoel JuniorPMDB-PBSimLava Jato
Eduardo da FontePP-PESimLava Jato
Arthur LiraPP-ALSimLava Jato
Mário Negromonte Jr.PP-BASimLava Jato
Altineu CôrtesPMDB-RJSimLava Jato
Simão SessimPP-RJSimLava Jato
Andres SanchezPT-SPNãoLava Jato
Arnaldo Faria de SáPTB-SPNãoLava Jato
José MentorPT-SPSimLava Jato
Missionário José OlimpioDEM-SPSimLava Jato
Roberto BalestraPP-GOSimLava Jato
Vander LoubetPT-MSSimLava Jato
Zeca do PtPT-MSSimLava Jato
Dilceu SperaficoPP-PRSimLava Jato
Nelson MeurerPP-PRSimLava Jato
Afonso HammPP-RSNãoLava Jato
Jerônimo GoergenPP-RSNãoLava Jato
Luis Carlos HeinzePP-RSSimLava Jato
Renato MollingPP-RSSimLava Jato

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