Considerada “intimidação” e “retaliação” por integrantes do Ministério Público e do Judiciário, a emenda que prevê o enquadramento em crime de abuso de autoridade para magistrados, promotores e procuradores teve amplo apoio dos deputados investigados na Operação Lava Jato. A mudança foi aprovada nesta madrugada pelo Plenário durante a votação do projeto de lei de combate à corrupção (PL 4850/16), idealizado pelo Ministério Público Federal e apoiado mais de 2,4 milhões de pessoas.
Entre os 27 deputados investigados na Lava Jato, 23 participaram da votação (veja abaixo como cada um deles votou). Desses, apenas quatro votaram contra a emenda – Andrés Sanchez (PT-SP), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Afonso Hamm (PP-RS) e Jerônimo Georgen (PP-RS). Outros 19 (83% dos votantes sob investigação na operação) declararam voto a favor da nova possibilidade de punição a magistrados, procuradores e promotores.
O texto da emenda, apresentado pelo líder do PDT, Weverton Rocha (MA), “expressa a responsabilidade de quem ajuíza ação civil pública e de improbidade temerárias, com má-fé, manifesta intenção de promoção pessoal ou visando perseguição política”. Entre os motivos apontados pelo pedetista estão a atuação com motivação político-partidária e a proibição de magistrados darem entrevistas a veículos de comunicação sobre processos que estão em andamento no Judiciário.
A proposta foi vista pelo relator da matéria, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), como uma “vingança” aos trabalhos realizados pela força-tarefa que investiga, desde 2014, desvios de dinheiro da Petrobras, e já arrolou diversos parlamentares nas apurações dos ilícitos cometidos na estatal. Para ele, a Câmara agravou uma crise institucional ao aprovar mecanismos intimidatórios contra integrantes do MP e do Judiciário. A emenda recebeu 313 votos a favor e 132 contrários (veja como cada deputado votou). Houve cinco abstenções.
Ainda pela madrugada, o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol, protestou contra a mudança em seu perfil no Twitter: “Está sendo aprovada a lei da intimidação contra promotores, juízes e grandes investigações”. Em nota, a equipe da Lava Jato criticou a “pretensão” de sujeitar os membros do MP e do Judiciário a crimes de responsabilidade, e avaliou “a intenção de criminalizar a atividade específica dos juízes e membros do MP” de forma repentina e sem “uma adequada discussão” como “totalmente descabida”.
Outros quatro deputados investigados pela Lava Jato se ausentaram da votação desta madrugada: José Otávio Germano (PP-RS), Luiz Fernando Faria (PP-MG), Roberto Britto (PP-BA), além do líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE).
Abaixo, a lista de como cada investigado pela Operação Lava Jato se posicionou sobre a emenda:
Deputado | Partido | Voto | Investigado |
Lázaro Botelho | PP-TO | Sim | Lava Jato |
Waldir Maranhão | PP-MA | Sim | Lava Jato |
Aníbal Gomes | PMDB-CE | Sim | Lava Jato |
Aguinaldo Ribeiro | PP-PB | Sim | Lava Jato |
Manoel Junior | PMDB-PB | Sim | Lava Jato |
Eduardo da Fonte | PP-PE | Sim | Lava Jato |
Arthur Lira | PP-AL | Sim | Lava Jato |
Mário Negromonte Jr. | PP-BA | Sim | Lava Jato |
Altineu Côrtes | PMDB-RJ | Sim | Lava Jato |
Simão Sessim | PP-RJ | Sim | Lava Jato |
Andres Sanchez | PT-SP | Não | Lava Jato |
Arnaldo Faria de Sá | PTB-SP | Não | Lava Jato |
José Mentor | PT-SP | Sim | Lava Jato |
Missionário José Olimpio | DEM-SP | Sim | Lava Jato |
Roberto Balestra | PP-GO | Sim | Lava Jato |
Vander Loubet | PT-MS | Sim | Lava Jato |
Zeca do Pt | PT-MS | Sim | Lava Jato |
Dilceu Sperafico | PP-PR | Sim | Lava Jato |
Nelson Meurer | PP-PR | Sim | Lava Jato |
Afonso Hamm | PP-RS | Não | Lava Jato |
Jerônimo Goergen | PP-RS | Não | Lava Jato |
Luis Carlos Heinze | PP-RS | Sim | Lava Jato |
Renato Molling | PP-RS | Sim | Lava Jato |
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