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segunda-feira, 6 de março de 2017

Como o município se defende no caso da morte de Francisco Cariman por despreparo no HGM

Utilizando sua página no facebook a jovem enfermeira Suelky Lilian Cariman denunciou, dia 1º de março de 2017, o que enfrentou ao tentar salvar o pai, Francisco Cariman, morador do conjunto Vereda, no São Francisco,   vítima de um ataque cardíaco na manhã do dia 26 de fevereiro, domingo de carnaval. O primeiro problema veio do SAMU.
Enfermeira Suelky ao lado do pai Francisco Cariman, da mãe e do irmão que vai se formar em medicina
Em entrevista à TV Mirante, contou que mesmo tendo descrito todo o risco que corria o pai o SAMU enviou uma moto. Por conta disso, Francisco foi levado num carro particular.
“Demoraram demais enviar uma ambulância e quando enviaram, na verdade, enviaram uma motolância, mesmo a gente passando o caso. Como é que eu ia levar meu pai numa moto pra um hospital tendo uma parada cardíaca? (…) Não foi levado numa ambulância a gente levou no carro do meu tio por causa da demora na ambulância”, afirmou
A nova diretor do SAMU, enfermeira Joice Carvalho, informou à produção da TV Mirante que apurou o caso com a equipe que estava de plantão no dia do chamado e disse que o envio da motolância é um procedimento normal. Segundo ela, em nota lida pelo apresentador Junior Albuquerque, do JMTV 1ª edição,  a motolância é um suporte fundamental para fazer os primeiros atendimentos em casos graves.
NO HOSPITAL
Quando finalmente chegaram ao Hospital Geral Municipal Suelky, que trabalha em Teresina e tem especialização em urgência e emergência, deu de cara com a falta de tudo que poderia ajudar. Não havia desfibrilador (como ainda não há).
“É primordial, toda urgência tem que ter um desfibrilador, já é lei hoje em dia. A gente ver em algumas capitais onde a partir de não sei quantos metros tem que ter um desfibrilador, imagina num hospital, se na rua, em pontos comerciais a gente tem que ter  imagine num hospital de urgência, é obrigatório ter. É inadmissível não ter”, disse
1 TUBO ENDOTRAQUEL para TODO O HGM
Nem mesmo havia um tubo endotraqueal disponível para fazer um procedimento de emergência chamado de intubação. No momento, ocorrido no domingo, 26 de fevereiro, alguém que auxiliava o médico avisara de que só existia 1 e este estava sendo usado noutro paciente.
 “Doutor, como? Só tem um tubo que tá com o paciente que tá do outro lado, até olhei na sala de reanimação o paciente. É inadmissível um hospital ter um tubo até porque existem números de tubo não é um tubo universal pra todo mundo, imagine ser um tubo pra um hospital inteiro, não tinha, colocaram cateter nasal pra pessoa que tinha parada cardíaca, totalmente errado, mas era o que eles tinham ali no momento.  As drogas, não foi seguido o protocolo que era pra ser feito, o que eu vi o médico tocando no meu pai foi para olhar a pupila após o óbito”
A filha da vítima pediu para atestar a morte do pai usando um eletrocardiograma e como não havia quem fizesse o exame chegou a se oferecer para realizar o procedimento, foi informada de que o aparelho estava trancado na sala do diretor.
O DIRETOR FALOU
Messias Neves – novo diretor do HGM
Procurado, o diretor Messias Neves não quis gravar entrevista novamente, mas aceitou falar sobre o assunto e prometeu escrever uma nota oficial enviando-a para nossa redação naquele mesmo dia, o que não foi feito até hoje.
No momento afirmou que o HGM tem sim tubos endotraqueais disponíveis. Sobre isso perguntei ao diretor,  que me recebeu em sua sala na sexta-feira, 3:
– QUANTO À ESTAS COISAS AQUI, ESTE TUBO ENDOTRAQUEAL, FALTA MESMO, TÁ FALTANDO? Não, no hospital tem, o hospital é munido disso aí, agora como foi o relato dela, certo? mas eu não quero bater de frente com este povo, até pensei em digitar alguma coisa lá mas eu também não gosto desse negócio, né”, respondeu
Nós constatamos que, realmente, na sala de Messias não há  aparelho de eletrocardiograma instalado. Ele sustentou que ter o referido aparelho na sua sala é impossível dado ao fato de que ele é aterrado na sala onde fica na área de atendimento do hospital.
“Ele fica lá até porque ele é aterrado em uma sala lá, não fica nada na minha sala a não ser estes aparelhos de ar-condicionado”
– E POR QUE NÃO FOI USADO? Olha, o eletrocardiograma ela só queria detectar, saber o motivo da morte, foi o infarto, mas lá tava no laudo do médico que foi infarto, entendeu? aí ela disse eu mesmo faço, aquele negócio todo, segundo eu não estava aqui também, eu não tiro a razão dela, de dor, nem nada, infelizmente não é uma estrutura que a gente vai dizer que é das melhores, mas que a gente tá buscando a melhoria”, respondeu
Depois da morte do pai, a enfermeira também voltou ao HGM e  falou com o diretor. À nossa reportagem,  contestou o que ouviu dele a respeito do eletrocardiograma.
 “Falei com o diretor administrativo, ele disse que não estava trancado na sala dele, porém me levaram numa sala onde estava o eletrocardiograma, porém no final de semana fica trancado com chave em mãos da assistente social, foi o que ele me falou, que no dia a gente falou com assistente social ela não sabia informar nada, não sabia se tava funcionando, não sabia onde que tava”, frisou com veemência e indignação
O DESFIBRILADOR
Quanto a falta do desfibrilador,  Messias reconheceu que o HGM não dispõe  e disse que O APARELHO  está incluído numa lista de equipamentos que serão comprados pelo município uma vez que o governo MAIS AVANÇOS, MAIS CONQUISTAS pretende montar uma semi UTI.  Nada sobre datas, exatas, foi falado.
“Uma prioridade que o prefeito já destacou, quando sair o processo licitatório, que é montar uma semi UTI em Codó, inclusive já temos os pedidos do desfibrilador, nós temos o oxímetro, nós temos os monitores cardíacos, justamente pra que seja feito. Ninguém está aqui dizendo que isso aí ia salvar a vida do pai dela (…) mas, assim, eu não seria a pessoa certa pra chegar e falar isso aqui pra ti, até porque eu sou administrativo, mas eu posso ver o Dr. Marcel pra tá te explicando o que, realmente, foi uma parada, que ele teve um infarto, quê que é um infarto, o que acontece, entendeu? agora questão de reestruturação do hospital, o hospital tá nessa luta, 60 dias que foi assumido aqui e a gente tá nessa luta e infelizmente a gente não tem como chegar e fazer num passe de mágica e resolver, né”, disse o diretor
Para a família do eletromecânico, membro da igreja Adventista Francisco Cariman, que não teve uma segunda chance por causa da falta de estrutura do hospital,  resta um sentimento de dor e revolta, ainda assim,  movida pelo mais nobre dos sentidos, esta mesma família luta, denunciando o fato, para que outras não passem pela mesma dolorosa perda.
 “Muito descaso, despreparo até das próprias pessoas que estão no poder, porque gente este é um caso que ninguém está imune, ninguém, meu pai, infelizmente foi ele, mas pode ser pessoas que estão no poder, pode ser minha mãe, pode ser você, pode ser qualquer pessoa, daqui que tenha um atendimento de urgência eficaz a pessoa já morreu”, concluiu Suelky Lilian Cariman.

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