O soldado da Polícia Militar Fernando Paiva Moraes Júnior, 25 anos,
fechou delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF), em São
Luís. O militar, que foi preso durante a Operação Combate à Corrupção, relatou detalhes sobre empresários envolvidos no esquema de contrabando no Maranhão.
No último sábado (07), Fernando deixou o comando e foi levado à sede
do MPF para tratar da delação. O soldado recebeu proposta dos
procuradores da República no Maranhão (PR/MA), Juraci Guimarães Júnior e
José Leite, de benefícios durante ação penal. O secretário de Segurança
Pública, Jefferson Portela, também estava presente durante a negociação
de delação com o militar na MPF.
Leonardo Guilherme Quirino, que era advogado do Policial Militar,
informou que deixou o caso após tomar conhecimento da delação. Ele
informou ainda que não há provas contra o ex-cliente para que forneça
detalhes do esquema.
Com a saída dos advogados Leonardo Guilherme Quirino e Paulo Renato,
um defensor público federal deverá acompanhar o caso de Fernando Paiva. O
militar foi preso em flagrante no Porto do Arraial e denunciado pelo
Ministério Público Federal por integrar organização criminosa composta
por polícias que faziam a escolta da mercadoria contrabandeada. Ele
chegou a usar nome falso de Francisco Teles para alugar imóvel no valor
de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) que seria utilizado como depósito de
armazenamento.
A Operação contra à Corrupção prendeu 16 pessoas suspeitas de atuarem
no contrabando no Maranhão. Entre elas, o ex-superintendente de
Investigações Criminais, Tiago Bardal.
Presença dos advogados
Por meio de nota, a Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Maranhão
(OAB-MA) informou que repudia a atitude do procurador-chefe da
Procuradoria da República no Maranhão, Juraci Guimarães Júnior, que
impediu os advogados Paulo Renato Ferreira e Leonardo Quirino de
acompanhar o seu cliente durante oitiva que seria realizada na sede do
Ministério Público Federal.
De acordo com a nota, o procurador-chefe da Procuradoria da República
no Maranhão tentou colocar a OAB para fora da sala, momento em que, de
forma altiva, o Presidente da Comissão Gustavo Carvalho disse que a OAB
não se retirava do local até que o advogado assistisse seu cliente e que
a Ordem não poderia ser impedida de prestar o atendimento aos colegas, o
que se configurava em uma grave violação das Prerrogativas da advocacia
maranhense e brasileira, e que não aceitaria tal atitude de um membro
do Ministério Público Federal, já que tanto a OAB quanto o MPF são
pilares de sustentação de um sistema democrático que prima pela
salvaguarda do estado democrático de direito.
Sobre a nota da OAB, o Ministério Público Federal no Maranhão apontou
que o informe, “além de padecer de sérios erros factuais, falta com a
verdade relativamente ao essencial, visto que os advogados do preso não
foram impedidos de acompanhar e orientar seu constituinte”.
Segundo o MPF-MA, no dia citado, o Procurador-Chefe da Procuradoria
da República no Maranhão, Dr. José Leite, deslocou-se ao Edifício-Sede
da PR/MA, no Bairro Areinha, por volta das 10 horas, para atender ao
preso federal custodiado no Presídio Manelão, no Comando da Polícia
Militar.
Chegando ao edifício, o Procurador-Chefe foi abordado por dois
homens, que se identificaram como advogados do preso, cuja identidade,
por razões de segurança pessoal deste, ainda era desconhecida do próprio
Ministério Público Federal.
Na explicação do MPF, eles não teriam apresentado
procuração de quem se diziam patronos. Foi então solicitado o documento
de identificação, para enfim serem identificados como advogados do
preso identificado sob risco de vida, assim como advogados de outros
denunciados nos mesmos autos.
Eles então teriam sido convidados a entrarem no
prédio e se dirigirem a um dos gabinetes da Procuradoria, no terceiro
andar, para realização de reunião com os procuradores atuantes no
processo criminal.
Após essa breve reunião, os advogados foram então
encaminhados à sala da Chefia de Gabinete da PR/MA, no quarto andar,
para conversarem reservadamente com seu cliente.
“Nesse instante, quando o Procurador-Chefe e o
Procurador da República Juraci Guimarães faziam o encaminhamento do
preso para a sala reservada em que se encontravam os advogados Paulo
Renato Ferreira e Leonardo Quirino, a fim de que advogados e preso
pudessem conversar em privado, encontrou naquele recinto inúmeros
advogados que se identificaram em nome da Comissão de Prerrogativas da
OAB, produzindo vídeos a partir de aparelhos celulares,
irresponsabilidade que quase comprometeu a imagem e a identidade da
pessoa até então sob risco de vida, que teve que voltar às pressas para
outro gabinete.
O Procurador-Chefe comunicou os advogados do caso de
que eles eram corresponsáveis pela integridade física e imagem do seu
cliente, indagando-os se necessitavam da tutela da Comissão de
Prerrogativas para o desempenho do seu trabalho, naquela ocasião.
Referidos advogados dirigiram-se à Comissão informando que não havia
necessidade de intervenção.
Após a saída da Comissão de Prerrogativas, e cessado o
enorme risco a que esteve exposta a identidade e imagem do preso, por
conta da atabalhoada intervenção que atrasou indevidamente os trabalhos,
os advogados Paulo Renato Ferreira e Leonardo Quirino finalmente
reuniram-se em privado com o seu cliente, pelo tempo que entenderam
necessário”, continua o posicionamento do Ministério Público Federal.
Após essa reunião, os advogados renunciaram ao caso e a Defensoria Pública da União foi acionada para acompanhar o preso.
Por fim, o MPF aponta que os fatos apontados em seu
informe estão gravados “em mídia pelo circuito interno de vigilância da
Procuradoria da República, para fins de responsabilização, caso
necessário, preservadas as partes que possam eventualmente comprometer a
identidade e imagem do preso”.
Combate à Corrupção
A Polícia Militar, com apoio do Batalhão de Operações Especiais
(BOPE), estourou dois depósitos de mercadorias contrabandeadas como
cigarros e uísques, localizados no bairro Quebra Pote e no bairro
Matinha do Rio Grande, já na saída de capital. Segundo a Secretaria de
Segurança Pública, esta seria a maior quadrilha da história do crime
organizado no Maranhão. Só a primeira carga apreendida somam quase R$ 16
milhões.
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