O mercado de trabalho deu um sinal de alento para a economia, com aredução da taxa de desemprego para 12% , no mesmo dia em que o Banco Central reduziu os juros para 6% . Trata-se do menor patamar desde que foi implantado o regime de metas de inflação, em 1999.
Na avaliação de especialistas, as duas
medidas podem abrir espaço para a recuperação da economia, caso seus
efeitos se mostrem mais duradouros. A taxa de desemprego caiu para 12%
no segundo trimestre.
As vagas informais ainda respondem por
60% das novas colocações, mas a indústria, setor que historicamente mais
contrata com carteira, voltou a gerar postos de trabalho: foram 319
mil, o equivalente à metade dos empregos formais criados no período.
A melhora do emprego com carteira
assinada, especialmente na indústria, pode impulsionar o consumo das
famílias, elemento que pesa mais de 60% no Produto Interno Bruto (PIB).
De outro lado, a queda dos juros
funciona como um estímulo à atividade e tem potencial para contribuir
para alavancar o investimento, que patinou no primeiro trimestre. No
entanto, apesar do corte da taxa Selic de 6,5% ao ano para 6%, os juros no Brasil ainda estão entre os mais altos do mundo .
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— Os dados são favoráveis e podem
indicar o início de um ciclo positivo. As reformas estão na direção
correta, porém o emprego formal costuma reagir mais lentamente. A
economia está começando a andar. O corte de juros deve contribuir para a
retomada do crescimento na medida em que incentiva investimentos no
setor produtivo — avalia Bruno Ottoni, pesquisador do Ibre/FGV.
Ele avalia que a geração de empregos só não foi maior por causa do aumento da procura por vagas:
— Isso demonstra que mais pessoas estão voltando a procurar emprego e com esperança de conseguir uma vaga.
Estimativas: juro menor exigirá que fundos de pensão busquem investimento de mais risco
Ottoni pondera ainda que o corte de
juros pode contribuir para que novas contratações sejam feitas no
período de agosto a setembro, quando a indústria tradicionalmente abre
vagas para atender às encomendas para o fim do ano. Para Vivian Almeida,
professora de Economia do Ibmec-RJ, a tendência de melhora ainda
precisa se confirmar nos próximos meses:
— Se a indústria volta a contratar,
estamos pelo menos assistindo a uma redução da capacidade ociosa do
setor, que estava patinando há vários meses. É sem dúvida um indicador
muito importante. Para confirmarmos se é uma tendência no mercado de
trabalho, ainda precisaremos observar o próximo trimestre.
A redução nos juros funciona como uma
tentativa de injetar ânimo na economia, que enfrenta um cenário de
inflação baixa e desemprego ainda alto — são 12,8 milhões em busca de
uma vaga.
O Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizou que existe a
possibilidade de cortar mais os juros adiante. Os diretores do colegiado
reconhecem que esta pode ser uma ferramenta para estimular a economia.
Para os especialistas, porém, uma
recuperação mais sustentável da economia dependerá ainda do avanço de
outras medidas, como a reforma da Previdência e tributária.
— O corte de juros melhora um pouco a
confiança, mas as ações de política monetária têm um efeito defasado na
economia. É um impulso mais para o ano que vem. Para sairmos do buraco
do baixo crescimento, precisamos de reformas estruturais — afirma Flavio
Serrano, economista-chefe do banco Haitong.
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